Desde cedo
A tarde pendia
Estendia-se
Meio às pontas
Do tempo.
Firmais fiéis
Sustavam o dia.
Folhas sonhavam:
Rios e vendavais.
As formas jaziam
De uma única essência.
E os momentos penavam
Por horas certas,
Com fim e começo.
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
carta de Amor
Carta de amor
"Todas as cartas de amor são ridículas",
Álvaro de Campos
A água de rosas ganhava um odor ácido no ar. Quem entrasse poderia ter acessos de vômito.
Uísque, vinho, sêmen e outros tantos se misturavam pelo quarto.
Sobre a cama de dossel entalhado, e contornado por um tule vermelho, debruça a mulher. Remexe uma caixa à procura de mais uma lembrança. A cada noite como aquela, movimentada, tinha que se livrar de outra. Era um ritual.
“Foram tantos esta noite. Estou arriada.” Falou olhando entre as pernas. “E a cada noite tenho que aceitar: nada mudará”.
Interrompe a fala solitária. Abre a carta e lê como se escutasse quem a escreveu.
Cara princesa de meus futuros dias,
Nessas mal traçadas linhas desta (per )missiva declaro intenções
que superem tão risível exposição. Exposição tão já marcada por seus fac-símiles: modelos à beira do desgaste do lugar-comum.
Perfumadas entre volteios de barrocas ou neoclássicas letras,
onde “ós” e “ésses” não conseguem finalizar seus contornos.
Espero que, entre os pássaros de timbres maviosos que escutas enquanto
lês esta carta de tamanha pureza, lembra-te sempre daquele mais recluso mas,
quando bem atiçado, entrega-se a saliências ( já o provocara como bem recordas, ou não? ). E ao qual inspira atos de liberdade,
"Todas as cartas de amor são ridículas",
Álvaro de Campos
A água de rosas ganhava um odor ácido no ar. Quem entrasse poderia ter acessos de vômito.
Uísque, vinho, sêmen e outros tantos se misturavam pelo quarto.
Sobre a cama de dossel entalhado, e contornado por um tule vermelho, debruça a mulher. Remexe uma caixa à procura de mais uma lembrança. A cada noite como aquela, movimentada, tinha que se livrar de outra. Era um ritual.
“Foram tantos esta noite. Estou arriada.” Falou olhando entre as pernas. “E a cada noite tenho que aceitar: nada mudará”.
Interrompe a fala solitária. Abre a carta e lê como se escutasse quem a escreveu.
Cara princesa de meus futuros dias,
Nessas mal traçadas linhas desta (per )missiva declaro intenções
que superem tão risível exposição. Exposição tão já marcada por seus fac-símiles: modelos à beira do desgaste do lugar-comum.
Perfumadas entre volteios de barrocas ou neoclássicas letras,
onde “ós” e “ésses” não conseguem finalizar seus contornos.
Espero que, entre os pássaros de timbres maviosos que escutas enquanto
lês esta carta de tamanha pureza, lembra-te sempre daquele mais recluso mas,
quando bem atiçado, entrega-se a saliências ( já o provocara como bem recordas, ou não? ). E ao qual inspira atos de liberdade,
por um doce espocar de estrelas, luzes de nossas vindouras noites.
Noites marcadas por presentes que só o nosso futuro pretende rememorar. Lembras quando pulamos a cerca sobre o jardim do agente funerário da cidade?
Lugar em que te fiz uma grinalda de margaridas, roubadas ali.
Ato tresloucado e apaixonado.
Mergulhei por mares nunca dantes navegados
enquanto deslizava por teus cabelos vastíssimos.
Vastidão a mais recatada, por onde ainda ninguém se aventurara.
Empunhado das mais contundentes e tesas intenções
desferi golpes contra o monstro que te fustigavas com seu fogo interminável. Recebias-me, desde então, com uma única flor,
bem cuidada e bem regada por teus sonhos. A cada noite. Única a cada dia.
Em subidas por árvores: trepadeiras frágeis ou vigorosos carvalhos.
Nos esconderijos sob escadas, ou aos olhos da Lua.
Reacenda estas lembranças e esta carta será única. Só minha e tua.
Espero retorno tão evocativo de minha pessoa quanto demonstrei sobre ti
e de outros momentos futuros e saudosos, inspirações tão imaculadas
para aqueles que ainda nos esperam em destino tão longevo e próspero.
Flamejante Cavalheiro.
Noites marcadas por presentes que só o nosso futuro pretende rememorar. Lembras quando pulamos a cerca sobre o jardim do agente funerário da cidade?
Lugar em que te fiz uma grinalda de margaridas, roubadas ali.
Ato tresloucado e apaixonado.
Mergulhei por mares nunca dantes navegados
enquanto deslizava por teus cabelos vastíssimos.
Vastidão a mais recatada, por onde ainda ninguém se aventurara.
Empunhado das mais contundentes e tesas intenções
desferi golpes contra o monstro que te fustigavas com seu fogo interminável. Recebias-me, desde então, com uma única flor,
bem cuidada e bem regada por teus sonhos. A cada noite. Única a cada dia.
Em subidas por árvores: trepadeiras frágeis ou vigorosos carvalhos.
Nos esconderijos sob escadas, ou aos olhos da Lua.
Reacenda estas lembranças e esta carta será única. Só minha e tua.
Espero retorno tão evocativo de minha pessoa quanto demonstrei sobre ti
e de outros momentos futuros e saudosos, inspirações tão imaculadas
para aqueles que ainda nos esperam em destino tão longevo e próspero.
Flamejante Cavalheiro.
“Mais uma que vai virar cinzas na lareira quente de madame Cousette”. Rasga-a toda e a deposita picada, sobre um pote no criado-mudo. “Amanhã comprarei roupas e cintas-liga novinhas. Justinhas. Na medida certa. De lasseadas já bastam nós duas, não é querida?”. Gargalha e bate a mão entre as pernas. E ali termina a noite, acariciando o que realmente foi seu destino. Pouco próspero e, com certeza, sem longevidade para o futuro.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Sob a Terra
Sente-se
À pele.
Ao fundo
Nega escavações.
Suas pedras
Escondem nascentes.
Barro novo
Quebra mudo.
Brota tudo.
Vive-se nada.
Falta-lhe...
O sopro profano.
À pele.
Ao fundo
Nega escavações.
Suas pedras
Escondem nascentes.
Barro novo
Quebra mudo.
Brota tudo.
Vive-se nada.
Falta-lhe...
O sopro profano.
sábado, 2 de outubro de 2010
blog a seguir: "mordomo de mendigos"
"O amanhã será lindo. Mas e o hoje?". Roubei esta poesia - pedaço de poema - em blog de um amigo ( muito bom ir à casa de amigo e lhe surrupiar algo que o lembre ),pedroclash.blogspot.com.
Quem quiser visite-o também. Está dada a dica.
Quem quiser visite-o também. Está dada a dica.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
poemas na onipotência do tempo ( pre-ten-sioooso )
JANELA ILEGÍVEL
“...pela estrada eu vou,
estrada eu sou.”
Almir Satter
e Renato Teixeira
Não sei a medida
Do vento.
Até onde chega.
Será capaz de passar
Onde não me vejo?
Enquanto se espalha
Além da janela
Sopra por lugares
Que não sabia existir.
O que mais poderá
Me percorrer assim?
“...pela estrada eu vou,
estrada eu sou.”
Almir Satter
e Renato Teixeira
Não sei a medida
Do vento.
Até onde chega.
Será capaz de passar
Onde não me vejo?
Enquanto se espalha
Além da janela
Sopra por lugares
Que não sabia existir.
O que mais poderá
Me percorrer assim?
____________________________________________________________________
CRIAÇÃO
Perco-me
Entre as dobras
Do tempo.
As horas
Se esquecem
De mim.
Preencho-me
De unidades alheias
À sua vontade.
O ar sopra.
Só lá fora.
Crio os ventos.
Percorrem os caminhos
De minhas pedras.
As estações
Não se valem
Do que me brota:
Flores e seixos,
Amores e securas.
Todos soltos
Pela estrada
Marés enchem
E esvaziam ao gosto
Do que se mingua e cresce,
Enche e se renova
No céu que levanto.
Pronto: o controle está posto.
Preciso agora de personagens e fatos.
Coisas que me comparem ao criador.
CRIAÇÃO
Perco-me
Entre as dobras
Do tempo.
As horas
Se esquecem
De mim.
Preencho-me
De unidades alheias
À sua vontade.
O ar sopra.
Só lá fora.
Crio os ventos.
Percorrem os caminhos
De minhas pedras.
As estações
Não se valem
Do que me brota:
Flores e seixos,
Amores e securas.
Todos soltos
Pela estrada
Marés enchem
E esvaziam ao gosto
Do que se mingua e cresce,
Enche e se renova
No céu que levanto.
Pronto: o controle está posto.
Preciso agora de personagens e fatos.
Coisas que me comparem ao criador.
domingo, 12 de setembro de 2010
Entre espaços
Entre pará...
Grafos o vazio.
Separam-se
Entre linhas retas:
Cabrestos.
Falta
Enxergarem-se
Entre as árvores.
E correrão juntos
Nas linhas curvas
Do contexto.
Grafos o vazio.
Separam-se
Entre linhas retas:
Cabrestos.
Falta
Enxergarem-se
Entre as árvores.
E correrão juntos
Nas linhas curvas
Do contexto.
novo, mas ainda orgânico
Não pude me negar
Às cores.
Mais rústicas
No que lhes enformam.
O refino de linhas
Só definiam formas.
Mas a essência
Ainda se recheia
Dos contrastes
Da indefinição.
Benê Dito Deíta
Às cores.
Mais rústicas
No que lhes enformam.
O refino de linhas
Só definiam formas.
Mas a essência
Ainda se recheia
Dos contrastes
Da indefinição.
Benê Dito Deíta
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